RESSACA

Pensar em você é a mesma coisa que virar a noite num bar no meio da semana, as responsabilidades batem e me avisam que ali não seria certo ficar, mas eu fico e viro uma, duas, três e até quatro doses de qualquer bebida pela garganta. Sinto as palavras saírem como fogo e por mais que tente segura-las, elas saem desesperadas, enroladas e uma por cima da outra. Te vejo com o copo na mão, me viro e sigo o oposto a sua direção.    Acordo no dia seguinte, lembro do gosto amargo da bebida e do cheiro apaixonante do seu perfume, que logo me embrulha o estômago e me faz perceber que estou com ressaca.
O som de alguém gritando do lado de fora do meu apartamento me obriga a abrir os olhos e o quarto em silêncio me faz perceber que  quem grita é meu arrependimento. Me forço a rolar pela cama e quando rolo sinto, sinto o calor do seu corpo, escuto o silêncio do seu sono e vejo você ali.
Lembro do amargo descendo pela garganta e as ações crescendo como fogo, me forçando, por mais que eu tentasse parar, a te levar para casa e ao invés de deixar a garrafa e suprir a ressaca com aspirina e água, decidi que te levaria e afogaria meu coração em pura tequila.

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